“Autoclismo”
Medo do nada que existe em tudo
Da insignificância dos meus actos forçados
Que para mim são tudo
Anulados na existência.
Hobbie passou a ser estar embrulhado em tecido,
Viajar constante a outros lugares que nunca fui, vou,
Nem sequer existem para alem da minha mente.
Mistura surrealista de ideias de mais um dia,
Mais um.
As 12 que inutilmente passo lá.
Naquele bonito lugar de sorrisos e pesadelos
Onde te vejo a ti sem nunca te poder tocar estando tão próximo,
Agarrado a ti, a todos, ao mundo, ao que tenho medo não mais
Apenas nunca me lembrar do que fiz nestas mais 12
Todos os dias.
O nunca mais, do meu tempo, dos meus sonhos,
Reforça meu objectivo, reforça as suposições
Do significado profundo de levantar o autoclismo,
Rebentar uma borbulha, cortar as unhas.
De correr nu ás escondidas. Todos me vêm.
Escondido. Limpo.
Apago a sujidade, oculto o meu ser.
Nunca me vês, existo!
Eu sei que existo.
Eu estou aqui, mas tu não me vês.
Tenho medo.
Penso, refuto, discuto contigo,
A tua estupidez, a buridade da humanidade,
A insignificância da tua existência, da minha, da nossa.
Em vão o faço,
De nada servem as minhas acções, o meu ser, o escrever.
Passar despercebido nos olhos dos que me rodeiam. Nos teus.
Assim não tenho medo,
Nem sabes que existo.
Não faço nada, nada acumulei,
Nunca te espantei.
Que lógica tem as minhas acções?
Nada faço…
Puxo o autoclismo.